Sururu de capote é um prato típico da culinária
alagoana. O sururu (mytella falcata), um mexilhão de água doce, é cozido com
leite de coco, tomate, cheiro-verde e outros temperos.
Mexilhões, ostras, caracóis, lesmas, polvos e lulas
pertencem ao filo dos moluscos. Veja alguns desses animais na figura abaixo.
A maioria dos moluscos vive na água, tanto na água
doce (rios, lagos, açudes, etc.) com na água do mar. Mas existem também muitos
moluscos terrestres, que vivem geralmente em ambientes úmidos e se escondem
entre folhas caídas ou debaixo de pedras.
O CORPO DOS
MOLUSCOS
O corpo mole, que dá nome ao filo, é característica de
todos os representantes do grupo. Mas, apesar do corpo macio, que atrai a atenção
de predadores, os moluscos possuem defesas. Uma delas é a concha de calcário,
que está presente na maioria desses animais.
Na imagem, que esquematiza o corpo de um caracol, é
possível identificar as três partes da estrutura corporal básica de um molusco
(que sofrem algumas modificações em certas classes): cabeça, massa visceral e pé.
Na cabeça do caracol ficam os órgãos dos sentidos: ele
possui tentáculos com olhos e tentáculos especializados no olfato e no tato. Na
cabeça também está a boca, na qual, em muitos moluscos, existe uma língua com dentes
de quitina (uma substância dura), chamada de rádula. Com a rádula, o animal
raspa algas e outros alimentos incrustados em rochas. veja a rádula na imagem. Em
alguns moluscos, como a ostra e o mexilhão, a cabeça praticamente não existe;
há apenas uma boca (sem rádula).
A massa visceral é a parte do corpo que contém as
vísceras, isto é, os órgãos responsáveis pelas funções vitais do organismo —
digestão, circulação, reprodução, entre outras.
O pé, uma estrutura muscular, tem funções que variam
conforme o tipo de vida do animal: cavar, agarrar o alimento ou arrastar-se e agarrar-se
(às rochas ou a alguma outra superfície).
No corpo dos moluscos existe ainda o manto (pele que
fica sob a concha) na região dorsal do animal, e é responsável pela formação da
concha. O manto se dobra e forma uma cavidade, onde ficam os órgãos
respiratórios e a abertura do ânus. É a cavidade do manto.
Alguns moluscos possuem brânquias; outros respiram pelo
manto. Há um sistema circulatório com coração, e os sexos geralmente são
separados, embora algumas espécies de caracol e lesma sejam hermafroditas.
Muitos moluscos são usados como alimento pelo ser
humano; outros são apreciados por suas conchas. Algumas ostras são cultivadas
para a produção de pérolas.
Lesmas, caracóis, ostras, polvos, lulas... A que grupo
pertence cada um desses moluscos?
CLASSES DE
MOLUSCOS
Na classe dos gastrópodes estão os caramujos
(aquáticos — em geral são marinhos, mas também são encontrados em água doce),
os caracóis (geralmente terrestres, têm a concha mais fina que a dos caramujos)
e as lesmas (terrestres e marinhas). Nos caracóis, a concha fina facilita o
deslocamento no meio terrestre. Nos caramujos, a concha mais espessa ajuda o
animal a resistir ao impacto das ondas. Veja-os nas figuras.
Geralmente, as lesmas não têm concha. E, quando ela está
presente, é muito pequena.
Entre os bivalves
estão as ostras e os mexilhões (reveja a figura). A concha desses moluscos é
dividida em duas partes encaixadas, chamadas de valvas, que abrem e fecham. Vivem
no mar ou na água doce e respiram por brânquias.
Os bivalves vivem enterrados no fundo do mar ou
grudados em corais, rochas, cascos de navios, madeiramento de cais e outras
estruturas fixas. A maioria deles se protege contra os predadores fechando bem a
concha como auxílio de fortes músculos.
Os cefalópodes — polvos, lulas, sibas e náutilos — são
todos marinhos e estão entre os maiores invertebrados da terra. Já foram
encontradas lulas-gigantes com 18 metros de comprimento (da cabeça à ponta dos
tentáculos) e cerca de 900 quilos de peso. Elas vivem em águas muito profundas.
Nessa classe de moluscos, o pé transformou-se em tentáculos ou braços (38 nos
náutilos, dez nas lulas e sibas, oito nos polvos). Reveja o polvo e a lula na
figura.
Os polvos não têm concha, e as lulas e sibas possuem uma
concha interna muito reduzida. reveja a figura.
Mas, sem uma concha protetora, como os cefalópodes
conseguem se defender dos predadores?
A falta de uma concha protetora desenvolvida é
compensada pela capacidade de deslocamento rápido, que ajuda polvos, sibas e
lulas a fugir de seus predadores. Esses moluscos estão entre os mais rápidos
invertebrados. Em geral, eles se deslocam expelindo jatos de água pelo sifão.
Os olhos com lentes (cristalino) dos cefalópodes
formam imagens detalhadas dos objetos, o que também os ajuda na fuga e na
captura de presas. Os cefalópodes têm ainda outras adaptações na defesa contra
os predadores: a capacidade de lançar jatos de tinta negra na água, que confundem
o predador enquanto eles fogem, e a capacidade de mudar a cor da pele
(contraindo ou expandindo células que contêm pigmentos de cores diferentes), o
que lhes serve de camuflagem. Veja a figura.
Ciência e Tecnologia
AS PÉROLAS
Quando um grão de areia ou um parasita qualquer
penetra entre a concha e o manto de certas ostras, elas envolvem o corpo
estranho com camadas de nácar — ou madrepérola —, substância que reveste a parte interna da concha. Desse modo, o
molusco se defende e, ao mesmo tempo, fabrica uma pérola (figura).
As pérolas
naturais são muito valorizadas comercialmente e costumam ser utilizadas na fabricação de joias. Mas pérolas também podem ser produzidas artificialmente: basta introduzir, em
ostras produtoras de pérolas, uma
bolinha de nácar com um pedaço de manto de uma ostra jovem. Algum tempo depois — no mínimo
três anos — uma nova pérola estará pronta.
Na verdade, qualquer molusco reage da mesma forma à
invasão de corpos estranhos. Portanto, qualquer molusco pode produzir “pérolas”. Mas apenas os que possuem uma camada de nácar na parte
interna da concha produzem pérolas de valor comercial. As pérolas naturais mais finas e caras são as produzidas pelas ostras das espécies pinctada
margaritifera e pinctada mertensi,
que só existem nas águas quentes do oceano pacífico.
Ciência e Saúde
CUIDADOS COM O CONSUMO DOS BIVALVES
Os moluscos bivalves (ostras, mexilhões, vieiras,
etc.) são animais filtradores. Isso significa que eles retiram da água microrganismos que lhes servem de alimento. O problema é
que, se a água está poluída, os produtos tóxicos também são retidos e se
acumulam aos poucos no corpo do animal. Dependendo da concentração dos
produtos, esses moluscos podem provocar intoxicações ao serem
consumidos.
Os bivalves podem se contaminar por causa do
lançamento de resíduos tóxicos (metais de indústrias,
esgoto não tratado, etc) na água ou de‑ vido às marés vermelhas (multiplicação exagerada
de algas unicelulares produtoras de toxinas).
É preciso, portanto, que as autoridades do governo
estejam sempre alertas para interditar as áreas contaminadas. Em muitos casos,
evita‑se a
intoxicação com o cozimento do
molusco. No entanto, o caldo que resulta do cozimento deve ser descartado.
Outra forma de evitar intoxicações é usar ostras e
mexilhões cultivados. Além de os animais crescerem mais, o cultivo é feito em locais onde a água não é poluída.
Ciência e ambiente
OS INVASORES
Na década de
1980, o caramujo gigante africano (achatina fulica) foi importado da África para
substituir o escargô, um caramujo comestível. veja a figura. No entanto, as
tentativas de cultivo e comercialização do caramujo fracassaram: eles escaparam
dos locais de criação e se espalharam por todas as regiões do país. Como esse
caramujo não possui inimigos naturais e se reproduz rapidamente, ele se tornou
uma praga para a agricultura, comendo e destruindo plantações.
O caramujo gigante africano é o que se chama de espécie
invasora. Trata‑se de uma
espécie que, por não ter inimigos
naturais (predadores, parasitas, competidores) nas áreas aonde chega, se
reproduz a ponto de ocupar o espaço de outras espécies da região. Ao competir
por recursos na‑ turais,
causa desequilíbrios ecológicos, podendo provocar a extinção das
espécies nativas.